quarta-feira, 7 de novembro de 2007

UMA AVENTURA POR TERRAS MOÇAMBICANAS

Desta vez decidi viajar até ao
Parque Nacional da Gorongosa por terra,
desde a Africa do Sul. Quis constatar localmente os progressos
entretanto levados a cabo,
na magnífica costa Moçambicana.
Assim, utilizando uma velha viatura MAZDA 323
(que se portou à medida das necessidades),
emprestada pelos meus amigos de sempre,
Adelino Serras Pires e Fiona Capstick,
que também me facultaram estadia na sua residência,
parti de Pretoria no dia 06 de Outubro, rumo à aventura. Ultrapassadas as barreiras burocráticas na fronteira de Ressano Garcia,
entrei em Moçambique, cerca das três da tarde.
Pus-me a caminho de Inhambane, a minha próxima paragem.
Cheguei a Inhambane quando já passava da 01H00 da manhã,
devido ao mau estado dos percursos. Se a estrada Nacional, que liga Maputo à Beira,
se encontra em bom estado até ao Xai Xai,
os 100 Kms seguintes são uma verdadeira dor de cabeça. Depois, a estrada é boa até Massinga.
A partir daqui temos mais 80 Kms de suplício. Acabados esses 80 desgraçados quilómetros,
a estrada continua a ser boa até à cidade da Beira. O estado da estrada é deplorável e,
certos segmentos da via não podem ser percorridos a mais de 10 kms/hora.
Com viatura ligeira, as coisas pioram bastante. Ainda assim, logo pela manhã,
esqueci-me dos maus bocados que passei no dia anterior,
ao observar as magníficas praias da barra de Inhambane. Fiquei alojado no Barra Lodge Beach Resort que,
não sendo um empreendimento de luxo possui qualidade razoável.
As instalações estão equipadas com tudo o que é considerado
como estritamente necessário.
A restauração é de boa qualidade.
Os preços são razoáveis. No dia seguinte, pernoitei no Flamingo Bay Water Resort.
Um empreendimento implantado no lado oposto à praia da barra de Inhambane,
em pleno mangal, onde as habitações são lacustres.
Este, é um empreendimento de luxo,
com todo o serviço e respectivo preço a condizer.
Foi uma pena que o dia seguinte se tenha apresentado
chuvoso e com muito vento,
tendo a temperatura baixado bastante.
Por tal motivo, fui vítima de uma infecção na garganta,
prontamente debelada alguns dias depois,
graças aos medicamentos que me foram prescritos
numa das farmácias de Inhambane. No dia seguinte, após o pequeno-almoço,
continuei viagem até Vilanculos,
tendo ficado alojado no Hotel Ancora.
Um equipamento interessante, bem situado
e a um preço muito razoável.
Os quartos estão muito bem equipados,
com casa de banho completa,
ar condicionado, frigorífico, televisão, etc.
Um dado interessante:
continua aqui a comercializar-se o famoso piri-piri da D. Ana! Cerca das nove horas da manhã,
parti em direcção à minha cidade: a Beira.

O antigo observatório sem cobertura, mas pintado de novo...

O antigo cinema São Jorge está a ser recuperado e reconvertido.

O antigo Barcklays Bank, agora Banco de Moçambique,

está recuperado e é uma mais valia para o novo "look" da cidade.

O velho Farol do Macúti continua operacional e bem de saúde...

Continua linda, como sempre, acolhedora e a melhorar de ano para ano. Fui aqui acolhido pelo meu amigo arquitecto Francisco Ivo e esposa, que sabem receber como ninguém.

Pude também rever velhos amigos,
como o Xico Brandão e o engenheiro João (Rato) Santos Silva.
É uma delícia, conviver com esta gente. Os restaurantes na Beira continuam a fornecer boa cozinha e,
por isso, se recomendam. O clube Náutico da Beira lá continua,
com o seu restaurante a preparar os petiscos habituais:
pratinhos de amêijoa, de camarão cozido, de moelas,
frango frito à zambeziana, etc.
Enfim, tudo do melhor. Chegou a hora de me despedir dos meus amigos
e de rumar ao Parque Nacional da Gorongosa.
Saí da Beira pela manhã, almocei no restaurante do complexo Arco-Íris,
onde a cozinha é muito boa e os preços muito acessíveis. Acabado o almoço, continuei viagem até ao cruzamento
que dá acesso aos portões do PNG,
onde há que pagar 200,00 meticais pela entrada da viatura,
mais 200,00 meticais por cada passageiro.
A picada está lastimável neste percurso, de cerca de 11kms.
Depois, os restantes cerca de 17Kms,
até chegar ao acampamento do Chitengo,
não estando em tão mau estado como o troço anterior,
também está bastante degradado.
No entanto, há obras em curso, tendentes a resolver o problema. Quando chegamos ao acampamento do Chitengo,
chegamos ao Paraíso. E eu cheguei lá um pouco antes do final do dia,
quando o Sol se estava a pôr…
As melhorias introduzidas no Chitengo,
desde o ano passado,
são enormes e, por isso, dignas de registo.
O Chitengo está asseado, muito bem arrumado,
os bungalows e as cabanas bem dispostos no terreno,
e com uma atmosfera envolvente de muito bom gosto.
A restauração melhorou como da noite para o dia. Todas as refeições são servidas tipo “buffet”. A variedade é grande, pelo que a escolha se torna difícil. Mas a confecção das refeições é de primeira, tal como o serviço de quartos. As novas cabanas estão muito bem concebidas
e a existência de ar condicionado nos quartos ajuda,
e de que maneira, a combater o calor.
A gestão do acampamento está muito bem entregue,
não podendo a Organização Carr arranjar melhor.
Em boa verdade, Hendrik Pott
é um verdadeiro homem dos sete ofícios.
Toca todos os instrumentos com a maior das facilidades e,
quando agarra na sua batuta,
toda a orquestra toca na perfeição o ritmo que se desejar.
Resumindo, os serviços prestados aos visitantes que demandam o Chitengo,
é de 5 estrelas, e o preço é muito razoável,
tendo em vista o que lhes é oferecido.

As piscinas em pleno funcionamento Por razões de ordem logística,

não me foi possível percorrer o interior de todo o

Parque Nacional da Gorongosa,

nem visitar alguns locais que queria rever.

Ainda assim, foram conseguidas algumas imagens,
que aqui vos deixo:

Javali com crias

Águia Pesqueira

Chango

Baualas

Impala

Inhacoso

Paisagem característica do PNG.

Na hora da partida, de regresso à Africa de do Sul, seria de todo injusto não agradecer encarecidamente a todas as pessoas do Chitengo com quem tive o privilégio de conviver, o modo carinhoso como fui recebido. Um agradecimento muito especial a Vasco Galante, Director de Comunicação do PNG, que continua a ser o que sempre foi, desde que o conheço: um verdadeiro gentleman.

Já com muitas saudades, deixei o Paraíso numa bela manhã de sol, a caminho do Inhassoro, onde cheguei cerca das 17H00.

Pernoitei no Hotel Seta.
Uma unidade acolhedora, com quartos confortáveis,
bom serviço de restaurante e preços convidativos. Após o pequeno-almoço da manhã seguinte,
iniciei a minha viagem até ao Bilene,
tendo aí chegado por volta das 19H00.

Por 3 noites, aí fiquei instalado numa bela casa,

que me foi disponibilizada pelos meus amigos de infância
Tó Zé Laidley e a esposa, Leonor.
O meu profundo reconhecimento pela bela estadia que me proporcionaram. O Bilene está bonito, como sempre foi. A oferta turística aumentou bastante. O velho restaurante dos CFM continua a funcionar na perfeição
e a proporcionar-nos óptima cozinha moçambicana.
Também o complexo Arco-Íris fornece óptimos serviços,
para quem aí quer pernoitar,
e o seu serviço de restauração é de grande qualidade com os preços a condizer. Depois, foi o regresso à Africa do Sul. Cheguei a Pretoria por volta das 20H00. No dia seguinte, fui convidado a pernoitar por 2 noites na vivenda do casal Saraiva. O meu amigo Carlos Saraiva (antigo Director do Acampamento do Chitengo),
e a minha nova amiga Dulce que tive o enorme prazer de agora conhecer.
Também aqui pude rever um velho amigo:
o Fidalgo, chefe das oficinas do material circulante da Safrique,
agora estabelecido em Johannesburg.
Assim terminou a minha aventura africana:
em grande!
Estava para vir a aventura dos aviões e dos aeroportos europeus. Dos atrasos, das malas perdidas e danificadas,
das mudanças de terminais, etc. Mas isso é outra história! Uma má história… Conclusão: Moçambique está a recuperar e depressa. Vai ser um destino turístico muito promissor. As ofertas de que dispões são imensas. Há que as explorar. Circulei com toda a segurança de dia e de noite por todo percurso. Fui medicamente assistido, quando tive necessidade. Existem restaurantes quase por todo lado, mormente nas principais localidades. Gasolina e diesel não constituem problema. Máquinas ATM para levantamento de dinheiro existem por todo o lado. Os moçambicanos continuam a ser o que sempre foram: Afáveis, amigos, acolhem bem o visitante e são, sobretudo, educados. Em Moçambique, sentimo-nos BEM. Visite Moçambique, porque vale a pena.

3 comentários:

Celestino Gonçalves disse...

Meu Caro Tó Jó!
Acabo de regressar da minha aventura Alentejana (aquela para que tb foste convidado) e logo deparei com este belo relato da tua aventura Africana, embora muito sintetisada mas elucidativa qb!
Como é bom saber das alegriais e dos bons momentos que viveste nestes dias africanos, alguns deles com amigos comuns na Beira e na Gorongosa!
Como é bom saber dos progressos alcançados em todos aqueles lugares por onde passaste!
Moçambique é assim: anda a passo de tartaruga, mas consegue milagres em muitos sectores, nomeadamente no turísmo como muito bem nos contas!
A Gorongosa, o nosso querido Parque, esse caminha a passos bem mais largos, diria de Chita, pelo muito que ali está a ser feito pelo Projecto Carr!
O nosso amigo Hendrik, como bem dizes, é um mestre nas artes de bem receber e perito na polivalência das suas actividades!
O Vasco Galante, com todas as suas valências e simpatia,não sei como consegue tempo para tantas tarefas!
Diria que esta tua aventura africana bem merece uma extensa crónica, à tua maneira, com muitas e muitas das belas fotos que registaste por todo o lado!
Só não tenho inveja desses bons momentos porque de algum modo os tenho vivido nas mesmas paragens e conto no próximo ano estar por lá para os repetir, se possível mais pausadamente!
Parabéns e aceita o abraço fixe!
Celestino

Anónimo disse...

Que saudades me deu e doeu de não poder participar num passeio destes por agora, mas quem sabe um dia não consigo??
Obrigada pelas fotos e pelas palavras que tão bem des «crevem aquela terra e o seu povo
Leonor

Anónimo disse...

que saudades quando Moçambique se lembra de mim através de amigos comuns! Na senda dos elefantes do PNG íamos sendo esmagados por um elefante que nos perseguiu a 60 ou 100 ou 200Km/h...um morro de muchem salvou-nos a vida e o carro! e no Kagan'thole que belissimos dentes de elefante ornavam a sala do acampamento do amigo dos meus pais, o grande caçador Araujo que me tratava por Norma Shear...tinha eu 7 anos.
Afrika vive comigo todos os dias da minha vida,e foi um presente de Deus ter nascido nela.
Obrigada pela partilha da viagem, sitios que frequentei gravados a fogo e mel na minha memória.