segunda-feira, 23 de junho de 2008

MONITORIZAÇÃO NO PNG

Elefante recebe colar moderno de identificação
da sua posição via satélite
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) realizou há dias uma operação de substituição de um colar por outro novo num elefante fêmea para permitir a identificação do posicionamento e do movimento do animal, incluindo da sua família. Foram mobilizados para o efeito cinco viaturas e dois helicópteros, transportando equipamento de trabalho e cerca de trinta indivíduos, entre os quais protagonistas da missão e espectadores.
Daquele número de participantes incluía ainda profissionais da unidade de serviços veterinários do PNG e da Wildlifevets, uma instituição sedeada na vizinha África do Sul, convidados a tomarem parte no acto de modernização. Do transmissor de sinal via satélite para monitorar os movimentos do animal selvático em alusão.
Antes da fase derradeira, foram observadas várias etapas propedêuticas para garantir o êxito na missão,
classificada de bastante delicada, onde o profissionalismo da medicina veterinária foi exercido na sua mais elevada responsabilidade. A preparação de dardo foi um dos momentos cruciais da operação. O dardo foi alimento por um anestésico forte resultante da mistura de três substâncias, nomeadamente Ethorphine, Tiofetanil e Azeperone. Seguidamente o atirador empunhando o projector com dardo manipulado foi ao bordo do helicóptero de pequenas dimensões pronto para arremessar ao alvo. Uma vez localizado e movimentado para uma área de maior visibilidade, o dardo foi atirado com proficiência atingindo o animal na parte traseira. Volvidos oito minutos, quando a droga injectada atingiu o efeito máximo, imobilizando o animal, um grupo de homens veio ajudar a derrubar o animal para o colocar na posição de decúbito lateral.
Depois de 45 minutos de intensas intervenções no animal, nomeadamente o tratamento com antibióticos,
do ponto da penetração do dardo, e a obtenção de várias amostras, bem como da recolocação de colar satélite, o animal foi revertido usando-se para o efeito uma substância antagonista das primeiras
com o nome de Naltrexone. A reversão foi um processo muito rápido. Dois minutos depois da introdução da droga o animal já estava em pé, locomovendo-se para o seu habitat normalmente como se nada tivesse acontecido. De acordo com Carlos Lopes Pereira, Médico Veterinário e Director do Departamento dos Serviços de Conservação, a operação que tinha como objectivos imobilizar o paquiderme para observar o seu estado de saúde e colocar o novo colar de identificação via satélite decorreu com sucesso. "A operação correu muito bem e como esperávamos. Com a presença de um helicóptero de pequenas dimensões,
em pouco tempo conseguimos localizar e imobilizar o animal usando métodos convencionais" – classificou e explicou. Quanto ao diagnóstico do quadro clínico do animal, Dr. Carlos Lopes Pereira observou que aquela fêmea tinha muitas carraças, do género Amblyomma sp, que são parasitas externos que se alimentam exclusivamente do sangue (hematófagos) de uma grande variedade de hospedeiros. "Logo que imobilizamos o elefante, com ajuda de de Jacobus Raat, amigo e colega, com o qual venho trabalhando há muitos anos, seguiu-se o tratamento com antibióticos da fissura causada pela perfuração de dardo. Também mantivemos o animal com temperatura corporal controlada usando para o efeito agua. Colocamos um novo colar transmissor do sinal de posição via satélite. Posto isto, o agente imobilizador usado foi revertido e o elefante passou desde daquele instante a transmitir o sinal da sua localização ao satélite. " – descreveu.
Num outro desenvolvimento, o Dr. Carlos Lopes Pereira disse que acções daquela natureza e que levam à imobilização do animal podem ser usadas para fazer a translação de animais de uma zona para outra. O nosso interlocutor fez saber, igualmente, que o PNG faz o monitoramento de elefantes na zona de conservação duas vezes por dia a partir da leitura de dados de localização destes via satélite. Os sinais por meio de um código digital são enviados para um computador remoto na África do Sul que, por sua vez, transmite a informação por sms e e-mail ao Parque sobre a posição de deslocamentos e migrações de animais naquele preciso momento. Colar satélite é uma tecnologia moderna usada para fornecer a posição do animal através do sinal do GPS (Sistema de Posicionamento Geográfico) que é transmitido a um sistema de satélite. Greg Carr, membro do Comité de Gestão do PNG e presidente da fundação que ostenta seu nome, no final da operação era o homem mais feliz do grupo. Instado sobre a pronunciar-se sobre a operação, Greg disse que aquela actividade se enquadra nos objectivos do Projecto de Restauração do Parque. "A população de elefante foi uma das que ficou reduzida a uma família de dezenas de animais, isto no fim da guerra civil em que o país esteve mergulhado durante 16 anos, daí que urge a necessidade de dedicarmos toda a atenção a esta espécie em perigo de extinção para evitarmos que sejam ameaçados pela caça ilegal" – concluiu. Saiba que, o elefante é animal herbívoro, alimentando-se de ervas, gramíneas, frutas e folhas de árvores. Dado o seu tamanho, um elefante adulto pode ingerir entre 150 a 300 kg de alimentos por dia. As fêmeas vivem em manadas de 10 a 15 animais, lideradas por uma matriarca, compostas por várias reprodutoras e crias de variadas idades. O período de gestação é longo variando entre 20 a 22 meses, assim como o desenvolvimento do animal que leva anos a atingir a idade adulta. Os filhotes podem nascer com até 90 kg. Os machos adolescentes tendem a viver em pequenos grupos e os machos adultos isolados, encontrando-se com as fêmeas apenas no período reprodutivo.
Atinge uma altura que varia de 3 a 4 metros e um peso médio de 6 toneladas. A pele do elefante é extremamente rija na maior parte do seu corpo e tem cerca de 2,5 cm de espessura. No entanto, a pele à volta da boca e dentro das orelhas é muito fina. Locomovendo-se a passo normal, um elefante anda a cerca de 3 a 6 km/h mas pode chegar a 40 km/h em corrida. Devido ao seu porte, o elefante tem poucos predadores. Ele vive cerca de 60 anos e morre quando seus molares caem, impedindo que se alimente de plantas. O marfim de seus dentes é usado em jóias, teclas para piano, selos personalizados para assinatura de documentos oficiais e para outros objectos. Sua pele e outras partes são um componente comercial de menor importância.
Carlitos Sunza
Departamento de Comunicação/PNG

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