sexta-feira, 8 de junho de 2007

AS FUNESTAS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA CIVIL

O excepcional ecossistema que constitui o Parque Nacional da Gorongosa, bem como a enorme concentração de animais bravios por km2 que detinha, acabou por provocar enorme interesse a nível regional e internacional, tendo contribuído em escala razoável para o desenvolvimento social e económico de toda a região circundante.

Personagens importantes, de vários quadrantes, eram visitas assíduas do Parque contando-se, entre elas, astronautas, estrelas de cinema, etc.

Mas, a partir de 1983 e até 1992, o Parque conheceu o mais negro e tenebroso período da sua história. Durante os nove anos que durou a guerra civil em Moçambique, foram infligidas ao Parque feridas profundas que serão difíceis, ou mesmo impossíveis, de cicatrizar. A fauna bravia foi quase completamente dizimada. Certas espécies foram mesmo extintas, deixando de ali serem vistas, até hoje. Outras espécies viram os seus efectivos drasticamente reduzidos, atingindo em certos casos, um desbaste igual ou superior a 90%.
A caça furtiva, a utilização de laços e outras armadilhas, a pesca intensiva, aliados à invasão do perímetro do Parque pelas populações locais, que aí construíram as suas aldeias, procedendo à plantação de espécies nocivas ao frágil equilíbrio do ecossistema existente, provocaram uma verdadeira tragédia difícil de remediar. Várias gerações serão necessárias para que a Natureza se encarregue de minimizar os estragos então provocados.
O acampamento do Chitengo foi parcialmente destruído e completamente saqueado, havendo construções que ficaram reduzidas a montes de escombros, numa acção de vandalismo difícil de entender. Nem mesmo o “Hippo-Bar”, situado junto à lagoa do rio Urema, onde proliferavam os hipopótamos e os crocodilos, foi poupado. Dele, restaram apenas os pilares e algumas paredes.
A paz chegou em 1992, mas só em 1995 se voltou a cuidar do Parque, recorrendo-se a um programa de emergência financiado pela União Europeia que, para além da criação de um grupo de seis dezenas de guardas florestais e da recuperação de algumas construções no acampamento do Chitengo, nada mais digno de nota conseguiu fazer. Foi nesta situação de verdadeira catástrofe que Greg Carr conheceu, e cedo se apaixonou pelo exotismo do Parque Nacional da Gorongosa, bem como pelas suas áreas adjacentes.
Fotografias de Maurice Ronet e Hippo Bar gentilmente cedidas pelo Dr. Albano Cortez.

1 comentário:

Agentes de Segurança Socioeducativo de Minas Gerais,Brasil disse...

Nós Agentes de Segurança Socioeducativo de Minas Gerais, Brasil, estamos enviando a "Voz do Agente" no endereço www.agentesocioeducativo.blogspot.com que é nossa ferramenta de luta para valorização da categoria e efetivação dos direitos humanos no sistema socioeducativo.
Mandamos um forte abraço.